O ALVORECER DA REPÚBLICA
Amanheceu
e a Pátria despertou para a era republicana, sob a égide do governo provisório,
presidido pelo marechal Deodoro e com o exercício do poder compartilhado. “As
decisões serão tomadas em conjunto sem deliberações ministeriais individuais e
sem nenhum ditador à frente”, esclareceu o civil ministro da Justiça Campos
Salles, ex-presidente do Estado de São Paulo.
Ao
ler a declaração no jornal, Herculano ficou cismado e retrucou consigo mesmo: onde todo mundo manda, ninguém obedece. Desconfiou
também da efetividade do colegiado: como
uma junta formada, no triz da vitória, por homens inexperientes em práticas
republicanas, pode governar sem chefe preconizado em comando efetivo e sem detalhar
um programa de governo para ser a autoridade maior a quem devem obedecer?
Preocupado
com o futuro da República, Herculano cuidou de avançar no cumprimento da sua
missão pessoal. Procurou o novo ministro da Guerra, Benjamin Constant com a
intenção de integrar a equipe do antigo mestre. Tarde demais. Os cargos já
haviam sido ocupados por colegas que participaram abertamente da
conspiração -- o que não fora o seu caso em razão da sua lealdade a Pedro II. Porém nem tudo lhe estava fechado. Havia possibilidades acadêmicas, destinadas a formar
soldados-cidadãos, e consistentes com o seu impecável histórico escolar e domínio do pensamento científico-positivista. Em 1890, Herculano assumia a posição de tenente-auxiliar de
ensino técnico na Escola Militar da Praia Vermelha e começava uma nova etapa de vida.
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