INSEGURANÇAS AMPLIADAS
O grupo conspirador se
reúne na Casa de Agostinho. Varela traz boas notícias de São Paulo. Está de posse do
dinheiro prometido pelos apoiadores e, em breve, um portador trará a lista dos
potenciais assinantes do jornal.
Fabrício toma a palavra e informa que a viagem de Varela também ensejou entendimentos diretos entre Sodré e os nossos apoiadores.
Fabrício toma a palavra e informa que a viagem de Varela também ensejou entendimentos diretos entre Sodré e os nossos apoiadores.
-- Sodré será o nosso
comandante
Palmas são dadas,
inclusive por Herculano e Brito. Lima faz um aparte.
-- Para preservar o
guião, ele só estará conosco em momento oportuno. Muita água irá rolar por
debaixo dessa ponte. Sendo assim, não tem porque haver precipitação.
-- Concordo. Todo
cuidado é pouco, opina Agostinho.
Herculano entende que Lima
participou desse acordo. Caso contrário, não faria o esclarecimento. Fabrício volta a falar.
-- Outro entendimento
diz respeito à natureza do nosso futuro governo. Se houver a aprovação de mais leis arbitrárias, o Congresso Nacional será fechado.
-- Dissolvido, corrige
Lima. O acordo prevê a chamada de novas eleições tão logo tenham se realizado
as reformas de interesse nacional.
Herculano sente o olhar
de Brito sobre si e o ignora. Receia que alguém perceba o entreolhar e suspeite de discordância com o informado por Lima.
-- A orientação é
acelerarmos o lançamento do jornal. Varela nos atualizará acerca dos
procedimentos cabíveis, diz Fabrício.
Durante a exposição, o
grupo discute sobre colaboradores possíveis do jornal. O nome do Visconde de Ouro
Preto é ventilado e Herculano se oferece para assinar uma coluna diária. O
oferecimento é aceito com a recomendação de usar um pseudônimo para preservá-lo
de reações persecutórias na Escola.
Terminada a reunião,
Herculano e Brito caminham para pegar o bonde. Ambos estão surpresos com a
confirmação do envolvimento de Ouro Preto e preocupados com os termos políticos
pactuados. Brito conjectura.
-- Será que o consenso
foi apenas para evitar distensões antes da hora?
-- Se sim, nada impede
que os apoiadores estejam se valendo de Sodré para unir as forças possíveis.
Depois dão o xeque-mate e põem outro no lugar dele.
-- Podem também querer
usar o jornal apenas para pressionar o governo por causa de algum interesse não
atendido. Uma vez obtido o que querem, abandonam o levante.
-- Tem esse risco.
-- Lorota dizer que o
futuro do Congresso será decidido com base na atuação parlamentar. Desse mato
nunca saiu coelho, por que sairá agora?
-- Pode haver surpresa.
-- Assusta-me a sua
confiança nesse balaio de gatos.
-- Confio na
oportunidade, não neles.
-- Não sente o ranço da
mesmice?
-- Talvez. Mas percebi empenho
para reprovar os projetos de lei do governo. Por isso os cenários. Sodré irá
trabalhar com mais afinco nos bastidores do Congresso.
-- São pequenas as
chances. Até agora a oposição não conseguiu fazer maioria.
-- Mas a pressão das
ruas pode ajudá-los.
-- Em todos os casos, melhor
adiarmos o convencimento dos alunos, até ter certeza do que vem pela frente.
-- Tenho feito isso.
-- Faça também com os
operários. Adie o início dos tais encontros.
Em noite de inseguranças
ampliadas, Herculano deixa o colega desabafar.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
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