OSCILAÇÕES
Dias
se sucedem e a hora do parto se aproxima. De noite, Catarina dorme mal e, de
dia, sente os desagradáveis sintomas do final da gravidez. As emoções também
não andam bem. Oscilam entre uma temerária confiança e uma sufocante apreensão com
relação aos possíveis desdobramentos do falecimento de Carlota.
Do
mesmo modo inconstante, seus desejos se revelam. Ora quer a companhia da mãe
durante o parto, ora não, bem como rejeita a ideia de ter a sogra. por perto. Receia seu
olhar aguçado sobre o bebê e seu conhecimento de causa para dizer se o neto é filho
do filho, antes que ela própria possa saber com quem o rebento se parece e achar
semelhanças para dizer como é a cara do marido. Teme todos os receios que o seu
desejo impetuoso de ser mãe desdenhou. Sentir-se-ia mais segura em companhia da
tia-madrinha. Com a sua astucia e praticidade, daria uma solução ao risco que
corre. Mas a possibilidade está fora de cogitação. A tia só poderá chegar para
o Natal.
Outra
questão desafia as forças de Catarina. Tem se consultado com Dr. Eugênio, por
tradição, e, com Dra. Thereza, por empatia. Porém a médica resiste em fazer
papel de amiga durante o parto. Já o médico é brioso, nada propenso a ter seus
serviços preteridos, ainda mais para uma mulher. Se descartado, pode reagir mal
– e alguma fofoca circular. Comprimida por tantas pressões, Catarina só quer
ficar quieta, quedada como puder, com os humores imprevisíveis do seu
trepidante ventre, à espera da natureza se expressar de vez.
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e
TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
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