DO CARTÃO POSTAL
Hóspede e anfitriões aparecem na
esquina da comprida e estreita Avenida Central, movimentada pelo fim do dia.
Imóveis em precárias condições de manutenção ladeiam a via. Pela porta aberta
de uma oficina, Valentin observa o interior, onde um alfaiate negro costura: proprietário? Theodoro explica a futura
paisagem.
-- De uma ponta a outra, tudo
será demolido. E, na extremidade sul, baterá o novo coração da cidade. Será o
cartão postal do Rio, com jardins, biblioteca, teatro e o melhor da arquitetura
francesa. Vamos até lá e mostrarei onde faremos as obras.
Valentin pensa na população a ser
despejada.
-- Essa gente poderá instalar de
novo seu comércio aqui?
-- Se tiverem condições, sim.
-- Caso não, aceitarão a perda do
espaço?
-- O nosso povo é cordato – e
tudo será feito com base na lei.
-- Que irá agravar as condições
de vida de muitos.
-- Impossível fazer diferente. O
atraso e a decadência precisam ser removidos. E é o que quero que fotografe.
Catarina preocupa-se com a
abordagem direta do marido e com os comentários de Valentin. O fim do encontro
amplia sua preocupação. O amigo decide ficar mais um pouco na cidade.
Despedem-se e o casal parte no coche conduzido por Abdias.
-- Esse é o incorrigível
Valentin. Foge se as coisas não são como quer.
-- Mas o que fará? Quem poderá
visitar?
-- Ninguém e sim se enroscar em
algum mafuá. Adora tudo o que é popular.
-- Receio a voz do povo. Pode
constrangê-lo.
-- O trabalho terá de ser feito
nas ruas. Melhor ouvir tudo de uma vez.
-- E se recusar o convite, não
será ruim para você?
-- Não se preocupe. Daremos um
jeito de ajudá-lo a resolver suas questões.
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para
Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário