SER O PRÓPRIO MUNDO
Conforme
os dias de setembro se sucedem, mais Herculano se ausenta do casarão e Páscoa
vivencia o sublime. Difícil precisar de quem está mais apaixonada: se de si
mesma, de Grego ou dos momentos vividos na casa localizada no alto de uma
ladeira da Glória. No primeiro andar, ambientes de estar se sucedem ao longo da
sala comprida de portas duplas e largas que dão para um jardim. Trepadeiras
cobrem a cerca que divide o fim da relva e o começo da descida do morro, com
vista para a cidade e para o mar.
No
andar de cima, o quarto ocupado pelos amantes possui espelhos que revestem as
portas do armário encostado de uma ponta a outra da parede. A cama alta parece
atravessar a larga janela e se unir ao horizonte e ao mar. O contrário também
acontece. A profusão de espelhos e reflexos permite o azul sobre azul lá de
fora alcançar o leito e se misturar à brancura dos travesseiros e lençóis.
Assim, independente da perspectiva, o que se depreende do espaço é que foi
pensado para o prazer. Exatamente o que Páscoa reitera para si à janela, com um
ombro desnudado pelo lençol com que se cobre. Volta para a cama, para os braços
de Grego.
Gaivotas
riscam o azulado da tarde. Um navio cruza a linha do horizonte.
--
Sempre quis viajar.
--
Para onde?
--
Países distantes.
Grego
retira o lençol e se debruça sobre Páscoa.
--
Levarei você pelo mundo afora. Serei o próprio mundo para você.
Depois
beija os seios, o ventre, o sexo dela e a faz gozar.
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e
TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário