segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Capítulo Oito

VENCER NA RUA, PERDER EM CASA.


Entardece. Herculano repassa os fatos ocorridos pela manhã de frente para o mar e do alto das pedras negras, fronteira natural entre a praia do arraial de Copacabana e a do areal do Leme. Desse lado, luscofusca a dúvida: o que o banhista pensa fazer? Do outro, cintila a certeza: o medo de vencer na rua e perder dentro da própria casa. Impossível não eliminar esse risco: o médico correrá com o exibicionista para longe; sem chance de ficar aqui ou rondar a casa. Tião vigiará.
Outro observador também está diante do mar, porém no morro onde termina o areal do Leme, e com Pã a andar por perto. A imagem de Páscoa ainda boia em seus olhos, enquanto seus braços ressentem a falta do corpo quente e arfante que acolheu. Grego sente-se oco. Terá de ver essa mulher de novo. Saber se as ondas levaram embora aquele abandono, se a vida despertou como deve ser: renovada a cada dia.
No quarto do sobrado, imersa no oceano branco do leito, o mar é um sonho bom do qual Páscoa não tem pressa de acordar. 



Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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