VENCER NA RUA, PERDER EM CASA.
Entardece. Herculano repassa os fatos ocorridos pela manhã de frente para o
mar e do alto das pedras negras, fronteira natural entre a praia do arraial de
Copacabana e a do areal do Leme. Desse lado, luscofusca a dúvida: o que o
banhista pensa fazer? Do outro, cintila a certeza: o medo de vencer na rua
e perder dentro da própria casa. Impossível não eliminar esse risco: o médico correrá com o exibicionista para
longe; sem chance de ficar aqui ou rondar a casa. Tião vigiará.
Outro
observador também está diante do mar, porém no morro onde termina o areal do
Leme, e com Pã a andar por perto. A imagem de Páscoa ainda boia em seus olhos,
enquanto seus braços ressentem a falta do corpo quente e arfante que acolheu.
Grego sente-se oco. Terá de ver essa mulher de novo. Saber se as ondas levaram
embora aquele abandono, se a vida despertou como deve ser: renovada a cada dia.
No
quarto do sobrado, imersa no oceano branco do leito, o mar é um sonho bom do
qual Páscoa não tem pressa de acordar.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by
Maria Tereza O. S. Campos
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