segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Capítulo Onze

PENETRADA, ATADA, MOVIMENTADA.


Com um sorriso doce, dado da poltrona do quarto, Páscoa recebe Herculano no retorno dominical ao sobrado. A inesperada recepção surpreende o marido, que devolve um riso rápido, inseguro em quanto pode confiar nesse sinal de melhorado. Deixa a maleta sobre a arca e o jornal sobre a cômoda – e a mulher constata a dificuldade para acender uma luz no rosto do marido.
-- Tudo bem?
-- Sim, apenas cansado. E você, como está?
-- Sinto-me melhor.
-- Espero que continue assim.
Herculano tira o casaco e o pendura. Solta os punhos da camisa, avaliando a expressão da esposa: serena. Deixa as abotoaduras sobre a cômoda e sai em direção ao quarto de banho, pensando nos sinais da cura.
Retorna em camisolão de linho. Deita-se. O corpo se compraz sobre a superfície lisa e fresca do leito, e o espírito se rende ao conforto que o cerca. Admite o quanto é bom ver a serenidade estendida ao lado: desse modo dá gosto de voltar pra casa. Sente vontade de possuir a mulher. O membro se enrijece e o controle se expressa.  Melhor não. Posso atrapalhar o tratamento. Mas a proximidade daquela carne e a própria segurança o impedem de desistir do desejo. A mão toca o ombro da mulher, que se vira com o braço arredondado para acolher a procura. Páscoa quer ser penetrada. Atada. Movimentada como foi pelas águas quando enlaçada ao banhista. O marido deita-se sobre a esposa e enterra seus anseios na fenda quente e úmida que o recebe. De fora chegam os estrondos do mar.


Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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