PENETRADA, ATADA, MOVIMENTADA.
Com
um sorriso doce, dado da poltrona do quarto, Páscoa recebe Herculano no retorno
dominical ao sobrado. A inesperada recepção surpreende o marido, que devolve um riso rápido, inseguro em quanto pode confiar nesse sinal de melhorado. Deixa a maleta sobre a arca e o jornal sobre a cômoda – e a mulher
constata a dificuldade para acender uma luz no rosto do marido.
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Tudo bem?
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Sim, apenas cansado. E você, como está?
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Sinto-me melhor.
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Espero que continue assim.
Herculano
tira o casaco e o pendura. Solta os punhos da camisa, avaliando a expressão da
esposa: serena. Deixa as abotoaduras
sobre a cômoda e sai em direção ao quarto de banho, pensando nos sinais da
cura.
Retorna
em camisolão de linho. Deita-se. O corpo se compraz sobre a superfície lisa e
fresca do leito, e o espírito se rende ao conforto que o cerca. Admite o quanto
é bom ver a serenidade estendida ao lado: desse
modo dá gosto de voltar pra casa. Sente
vontade de possuir a mulher. O membro se enrijece e o controle se
expressa. Melhor não. Posso atrapalhar o tratamento. Mas a proximidade
daquela carne e a própria segurança o impedem de desistir do desejo. A mão toca
o ombro da mulher, que se vira com o braço arredondado para acolher a procura.
Páscoa quer ser penetrada. Atada. Movimentada como foi pelas águas quando
enlaçada ao banhista. O marido deita-se sobre a esposa e enterra seus anseios
na fenda quente e úmida que o recebe. De fora chegam os estrondos do mar.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by
Maria Tereza O. S. Campos
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