segunda-feira, 25 de maio de 2015

Capítulo Sessenta e Sete

INSEGURANÇAS AMPLIADAS


O grupo conspirador se reúne na Casa de Agostinho. Varela traz boas notícias de São Paulo. Está de posse do dinheiro prometido pelos apoiadores e, em breve, um portador trará a lista dos potenciais assinantes do jornal. 
Fabrício toma a palavra e informa que a viagem de Varela também ensejou entendimentos diretos entre Sodré e os nossos apoiadores.
-- Sodré será o nosso comandante
Palmas são dadas, inclusive por Herculano e Brito. Lima faz um aparte.
-- Para preservar o guião, ele só estará conosco em momento oportuno. Muita água irá rolar por debaixo dessa ponte. Sendo assim, não tem porque haver precipitação.
-- Concordo. Todo cuidado é pouco, opina Agostinho.
Herculano entende que Lima participou desse acordo. Caso contrário, não faria o esclarecimento. Fabrício volta a falar.
-- Outro entendimento diz respeito à natureza do nosso futuro governo. Se houver a aprovação de mais leis arbitrárias, o Congresso Nacional será fechado.
-- Dissolvido, corrige Lima. O acordo prevê a chamada de novas eleições tão logo tenham se realizado as reformas de interesse nacional.
Herculano sente o olhar de Brito sobre si e o ignora. Receia que alguém perceba o entreolhar e suspeite de discordância com o informado por Lima.  
-- A orientação é acelerarmos o lançamento do jornal. Varela nos atualizará acerca dos procedimentos cabíveis, diz Fabrício.
Durante a exposição, o grupo discute sobre colaboradores possíveis do jornal. O nome do Visconde de Ouro Preto é ventilado e Herculano se oferece para assinar uma coluna diária. O oferecimento é aceito com a recomendação de usar um pseudônimo para preservá-lo de reações persecutórias na Escola.
Terminada a reunião, Herculano e Brito caminham para pegar o bonde. Ambos estão surpresos com a confirmação do envolvimento de Ouro Preto e preocupados com os termos políticos pactuados. Brito conjectura.
-- Será que o consenso foi apenas para evitar distensões antes da hora?
-- Se sim, nada impede que os apoiadores estejam se valendo de Sodré para unir as forças possíveis. Depois dão o xeque-mate e põem outro no lugar dele.
-- Podem também querer usar o jornal apenas para pressionar o governo por causa de algum interesse não atendido. Uma vez obtido o que querem, abandonam o levante.
-- Tem esse risco.
-- Lorota dizer que o futuro do Congresso será decidido com base na atuação parlamentar. Desse mato nunca saiu coelho, por que sairá agora?
-- Pode haver surpresa.
-- Assusta-me a sua confiança nesse balaio de gatos.
-- Confio na oportunidade, não neles.
-- Não sente o ranço da mesmice?
-- Talvez. Mas percebi empenho para reprovar os projetos de lei do governo. Por isso os cenários. Sodré irá trabalhar com mais afinco nos bastidores do Congresso.
-- São pequenas as chances. Até agora a oposição não conseguiu fazer maioria.
-- Mas a pressão das ruas pode ajudá-los.
-- Em todos os casos, melhor adiarmos o convencimento dos alunos, até ter certeza do que vem pela frente.
-- Tenho feito isso.
-- Faça também com os operários. Adie o início dos tais encontros.  
Em noite de inseguranças ampliadas, Herculano deixa o colega desabafar.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos


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