segunda-feira, 13 de abril de 2015

Trinta e Sete

DA ESCUTA ESPIÃ


A aprovação pelo Senado da Reforma Sanitária repercute na Câmara Federal, que a votara meses atrás. Alfredo Varela, de trinta e nove anos, discursa.
-- Estamos diante de um Governo que escarnece da liberdade, a mais nobre e cara conquista de uma sociedade civilizada, e o faz, o que é pior, com o aval do Congresso.  Temos de rever esse erro. Impedir a regulamentação desse draconiano código sanitário. Fazer valer nosso papel de representantes do povo, a qual um Estado democrático tem de se curvar. E se a nossa representação for insuficiente para defender os direitos dos cidadãos, sigam-me, pois farei chegar as minhas mãos o fogo que acenderei o canhão para bombardear essa opressão.
O presidente da Casa se levanta, indignado.
-- Protesto em nome da Câmara. Não é patriótico prevalecer-se da tribuna para soar os tímpanos insuflando revoltas. Esse despropério eu não admito.
-- Eu que não admito o cerceamento da livre-expressão. Vossa opinião não pode prevalecer sobre o regimento desta Casa, como quer fazer com a intenção de forçar um deputado a dizer o que não pensa.
-- Não o forço a nada e sim protesto em nome do princípio da ordem e da paz.
-- Proteste! Está no vosso direito de protestar e eu no meu de dizer que, se precisar acender o canhão, não me furtarei a prestar mais esse serviço à República.
Um agente da polícia deixa a galeria rumo ao gabinete de Silva Castro, onde o põe a par das ameaças ao Governo. Sem delongas, o chefe de polícia escreve um relatório e parte para entregar o documento ao ministro da Justiça.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos


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