DA ESCUTA ESPIÃ
A
aprovação pelo Senado da Reforma Sanitária repercute na Câmara Federal, que a
votara meses atrás. Alfredo Varela, de trinta e nove anos, discursa.
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Estamos diante de um Governo que escarnece da liberdade, a mais nobre e cara
conquista de uma sociedade civilizada, e o faz, o que é pior, com o aval do
Congresso. Temos de rever esse erro.
Impedir a regulamentação desse draconiano código sanitário. Fazer valer nosso papel
de representantes do povo, a qual um Estado democrático tem de se curvar. E se a
nossa representação for insuficiente para defender os direitos dos cidadãos,
sigam-me, pois farei chegar as minhas mãos o fogo que acenderei o canhão para bombardear
essa opressão.
O
presidente da Casa se levanta, indignado.
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Protesto em nome da Câmara. Não é patriótico prevalecer-se da tribuna para soar
os tímpanos insuflando revoltas. Esse despropério eu não admito.
-- Eu que não
admito o cerceamento da livre-expressão. Vossa opinião não pode prevalecer
sobre o regimento desta Casa, como quer fazer com a intenção de forçar um
deputado a dizer o que não pensa.
-- Não o forço a
nada e sim protesto em nome do princípio da ordem e da paz.
-- Proteste! Está
no vosso direito de protestar e eu no meu de dizer que, se precisar acender o
canhão, não me furtarei a prestar mais esse serviço à República.
Um agente da
polícia deixa a galeria rumo ao gabinete de Silva Castro, onde o põe a par das ameaças
ao Governo. Sem delongas, o chefe de polícia escreve um relatório e parte para
entregar o documento ao ministro da Justiça.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by
Maria Tereza O. S. Campos
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