quarta-feira, 1 de julho de 2015

Capítulo Cento e Seis

OGUM, SENHOR DE IRÊ, DEUS DOS EXÉRCITOS


A noite cai. Divina e as moças acompanham Mariinha até o ponto do bonde. A jovem parte. Belizária convence as demais a dar uma volta, quando se encontram com Juliano de saída da Maison Moderne.
-- Onde tá indo?
-- Pro CCO. Tá todo mundo lá. Vão criar a Liga Contra a Vacina.
-- Vamos também, tia?
Divina hesita. Mas os pedidos do coração falam mais alto e são atendidos. De longe, vê o Capitão entre o público: Ah, se eu tivesse conhecido alguém assim quando moça! O devaneio se dissipa com o discurso de Sodré. Divina sabe por Touro do plano de criar um novo governo e quem o amigo quer que seja o comandante dessa criação. Com os olhos no desejado, reza. Ogum, senhor de Irê, Deus dos Exércitos, contempla o rosto do teu ungido. Dê a ele a tua espada e o teu escudo para derrotar as forças do mal e fazer triunfar o bem.
-- Nada de calar, meu povo, nada de resignar a essa lei que desrespeita a propriedade privada, violenta o pudor da mulher e fere a nossa honra de homem e chefe da família. Mais do que nunca, precisamos estar unidos para dizer morras à vacina e dar vivas ao direito de escolha.
Ogum, meu Senhor! Faça teu guerreiro libertar as almas do engano, quebrantar o opressor e a justiça florescer por onde ele passar em luta pelos desvalidos.
-- Essa lei da vacina, iníqua e arbitrária tem de ser combatida por todos os meios, até a bala se preciso.
Ó Ogum, Senhor de Irê, Deus dos Exércitos! Atenda às minhas preces.
-- Morra à lei da vacina. Viva o direto de escolha, brada a plateia.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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