OGUM, SENHOR DE IRÊ, DEUS DOS EXÉRCITOS
A noite cai. Divina e as
moças acompanham Mariinha até o ponto do bonde. A jovem parte. Belizária
convence as demais a dar uma volta, quando se encontram com Juliano de saída da
Maison Moderne.
-- Onde tá indo?
-- Pro CCO. Tá todo mundo
lá. Vão criar a Liga Contra a Vacina.
-- Vamos também, tia?
Divina hesita. Mas os pedidos do
coração falam mais alto e são atendidos. De longe, vê o Capitão entre o
público: Ah, se eu tivesse conhecido
alguém assim quando moça! O devaneio se dissipa com o discurso de Sodré. Divina sabe por Touro do plano
de criar um novo governo e quem o amigo quer que seja o comandante dessa
criação. Com os olhos no desejado, reza. Ogum,
senhor de Irê, Deus dos Exércitos, contempla o rosto do teu ungido. Dê a ele a
tua espada e o teu escudo para derrotar as forças do mal e fazer triunfar o
bem.
-- Nada de calar, meu
povo, nada de resignar a essa lei que desrespeita a propriedade
privada, violenta o pudor da mulher e fere a nossa honra de homem e chefe da
família. Mais do que nunca, precisamos estar unidos para dizer morras à vacina
e dar vivas ao direito de escolha.
Ogum, meu Senhor! Faça teu guerreiro libertar
as almas do engano, quebrantar o opressor e a justiça florescer por onde ele
passar em luta pelos desvalidos.
-- Essa lei da vacina,
iníqua e arbitrária tem de ser combatida por todos os meios, até a bala se
preciso.
Ó Ogum, Senhor de Irê, Deus dos Exércitos!
Atenda às minhas preces.
-- Morra à lei da vacina.
Viva o direto de escolha, brada a plateia.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema
e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário