terça-feira, 10 de março de 2015

Capítulo Dez

O ALVORECER DA REPÚBLICA


Amanheceu e a Pátria despertou para a era republicana, sob a égide do governo provisório, presidido pelo marechal Deodoro e com o exercício do poder compartilhado. “As decisões serão tomadas em conjunto sem deliberações ministeriais individuais e sem nenhum ditador à frente”, esclareceu o civil ministro da Justiça Campos Salles, ex-presidente do Estado de São Paulo.
Ao ler a declaração no jornal, Herculano ficou cismado e retrucou consigo mesmo: onde todo mundo manda, ninguém obedece. Desconfiou também da efetividade do colegiado: como uma junta formada, no triz da vitória, por homens inexperientes em práticas republicanas, pode governar sem chefe preconizado em comando efetivo e sem detalhar um programa de governo para ser a autoridade maior a quem devem obedecer?
Preocupado com o futuro da República, Herculano cuidou de avançar no cumprimento da sua missão pessoal. Procurou o novo ministro da Guerra, Benjamin Constant com a intenção de integrar a equipe do antigo mestre. Tarde demais. Os cargos já haviam sido ocupados por colegas que participaram abertamente da conspiração -- o que não fora o seu caso em razão da sua lealdade a Pedro II. Porém nem tudo lhe estava fechado. Havia possibilidades acadêmicas, destinadas a formar soldados-cidadãos, e consistentes com o seu impecável histórico escolar e domínio do pensamento científico-positivista. Em 1890, Herculano assumia a posição de tenente-auxiliar de ensino técnico na Escola Militar da Praia Vermelha e começava uma nova etapa de vida.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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