terça-feira, 10 de março de 2015

Capítulo Onze

DO PODER INVENCÍVEL


Raiou 1890 e vieram a galope as decepções ou as alegrias com a República. Rui Barbosa, guindado a ministro da Fazenda, decretou a Lei de emissão de papel-moeda por bancos particulares, numa iniciativa que visava solucionar a escassez de dinheiro e, deste modo, com o crédito ampliado, estimular as atividades produtivas e livrar a economia das amarras da tradição agrária. Porém, o decreto se deu sem o conhecimento e o aval de todos os integrantes da junta executiva.
Explodiu a crise no governo. Numa reunião, ministros questionaram o decreto e a atitude de Rui Barbosa. Alegaram que desrespeitara o modelo de gestão e implantara uma medida que ele próprio combatera no passado recente com críticas pesadas ao seu antecessor na pasta da Fazenda.
-- Toda reserva é pouca em assuntos pecuniários e a emissão pelo Governo se mostra impraticável no alvorecer da revolução federalista, explicou o questionado, ancorado no entendimento de haver forças contra as quais não há poder que lute, ainda mais nas primeiras horas republicanas.
Houve então uma evolução de concessões à iniciativa privada, de garantias de juros e subvenções. O recomendável se mesclou ao temerário e o legal ao imoral, com o prejuízo repassado ao Tesouro Nacional e ao progresso da nação. Fortunas se multiplicaram e outras se fizeram, como num passe de mágica. Cresceram as negociatas com as apólices da dívida pública e a especulação na bolsa de valores. Empresas eram constituídas, vendiam ações, captavam dinheiro e evaporavam da noite para o dia, após terem sido apresentadas ao mercado como negócios promissores. O câmbio rolou lá embaixo, produtos importados encareceram, o custo de vida subiu e a inflação disparou. O vapor da euforia fluía e nuvens começaram a se formar sobre o céu da nação

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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