DO PODER INVENCÍVEL
Raiou
1890 e vieram a galope as decepções ou as alegrias com a República. Rui
Barbosa, guindado a ministro da Fazenda, decretou a Lei de emissão de
papel-moeda por bancos particulares, numa iniciativa que visava solucionar a
escassez de dinheiro e, deste modo, com o crédito ampliado, estimular as
atividades produtivas e livrar a economia das amarras da tradição agrária.
Porém, o decreto se deu sem o conhecimento e o aval de todos os integrantes da
junta executiva.
Explodiu
a crise no governo. Numa reunião, ministros questionaram o decreto e a atitude
de Rui Barbosa. Alegaram que desrespeitara o modelo de gestão e implantara uma
medida que ele próprio combatera no passado recente com críticas pesadas ao seu
antecessor na pasta da Fazenda.
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Toda reserva é pouca em assuntos pecuniários e a emissão pelo Governo se mostra
impraticável no alvorecer da revolução federalista, explicou o questionado,
ancorado no entendimento de haver forças contra as quais não há poder que lute,
ainda mais nas primeiras horas republicanas.
Houve
então uma evolução de concessões à iniciativa privada, de garantias de juros e
subvenções. O recomendável se mesclou ao temerário e o legal ao imoral, com o
prejuízo repassado ao Tesouro Nacional e ao progresso da nação. Fortunas se
multiplicaram e outras se fizeram, como num passe de mágica. Cresceram as
negociatas com as apólices da dívida pública e a especulação na bolsa de
valores. Empresas eram constituídas, vendiam
ações, captavam dinheiro e evaporavam da noite para o dia, após terem sido
apresentadas ao mercado como negócios promissores. O câmbio rolou lá embaixo,
produtos importados encareceram, o custo de vida subiu e a inflação disparou. O
vapor da euforia fluía e nuvens começaram a se formar sobre o céu da nação
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
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