terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Capítulo Setenta e Sete

BOA NOITE

 O colunista social, amigo do solar, notifica o falecimento de Carlota e insinua a causa da morte. Não precisava, avalia Catarina, receosa com os desdobramentos do suicídio da amiga e com raiva de Theodoro, a quem atribui a responsabilidade por sua malsucedida aliança com Carlota. O marido entra no quarto.
-- Vim lhe dar boa-noite
-- Sempre tão delicado.
A pitada de ironia é percebida.
-- Sente-se bem?
-- Sim.
-- E o bebê?
-- Parece não caber mais dentro de mim.
Theodoro arrepia. Senta-se ao lado, na beira da cama.
-- Está sabendo do ocorrido?
-- Refere-se à morte de Carlota?
-- Leu no jornal?
-- Li, mas já sabia. Soror Helena esteve aqui para me avisar.
-- Por que não me contou?
-- Preferia ser informado de madrugada, quando voltou, ou no raiar do dia quando saiu para trabalhar?
A razão da ironia é entendida.
-- Em breve compensarei os dissabores da minha agenda de trabalho.
-- O bebê também. Suas carícias serão um reconforto para mim.
-- Melhor conversarmos amanhã.
-- Como quiser.
Theodoro se levanta e caminha até a porta. Vira-se.
-- Ouvi dizer que foi suicídio.
-- Ouviu certo.
-- A Soror falou o motivo?
-- Infelicidade.
-- Que coisa!
-- Trágica.
-- Boa noite, rainha.
-- Boa noite, Theodoro.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário