BOA NOITE
O colunista social, amigo
do solar, notifica o falecimento de Carlota e insinua a causa da morte. Não precisava, avalia Catarina, receosa
com os desdobramentos do suicídio da amiga e com raiva de Theodoro, a quem
atribui a responsabilidade por sua malsucedida aliança com Carlota. O marido
entra no quarto.
-- Vim
lhe dar boa-noite
--
Sempre tão delicado.
A
pitada de ironia é percebida.
--
Sente-se bem?
-- Sim.
-- E o
bebê?
--
Parece não caber mais dentro de mim.
Theodoro
arrepia. Senta-se ao lado, na beira da cama.
--
Está sabendo do ocorrido?
--
Refere-se à morte de Carlota?
-- Leu
no jornal?
-- Li,
mas já sabia. Soror Helena esteve aqui para me avisar.
-- Por
que não me contou?
--
Preferia ser informado de madrugada, quando voltou, ou no raiar do dia quando
saiu para trabalhar?
A
razão da ironia é entendida.
-- Em
breve compensarei os dissabores da minha agenda de trabalho.
-- O
bebê também. Suas carícias serão um reconforto para mim.
-- Melhor
conversarmos amanhã.
--
Como quiser.
Theodoro
se levanta e caminha até a porta. Vira-se.
--
Ouvi dizer que foi suicídio.
--
Ouviu certo.
-- A
Soror falou o motivo?
--
Infelicidade.
-- Que
coisa!
--
Trágica.
-- Boa
noite, rainha.
-- Boa
noite, Theodoro.
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e
TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
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