ENQUANTO RODA O COCHE
Theodoro confia nos prognósticos de que os
deputados rejeitarão a emenda da vacina obrigatória. Porém, receia que derrota
da oposição amplie a insatisfação nas ruas. Afinal, milhares aderiram aos abaixo-assinados
contra a vacina. As tratativas para a aquisição dos ativos da concessão
Willians também o preocupam. Avanços obtidos num dia, em outro, empacam por causa
de ações adversárias. Da mesma forma o grupo não consegue obter a autorização
para operar na Capital Federal. Para agravar esse cenário, acaba de saber que o
prefeito está às voltas com a elaboração de um decreto para impedir o monopólio
das concessões nos serviços de eletricidade.
Anoitece quando encerra a jornada de trabalho
e deixa o Palácio. Seu próximo compromisso será um jantar no solar. Irá receber
os pais, que retornaram da Europa, quando verão que Catarina está grávida.
Confere as horas. Dá tempo, acha e
dirige-se ao o coche, com Abdias aposto. Ordena-lhe tocar para o cais. O
empregado sabe aonde o patrão quer ir e o que espera de si.
O carro roda por uma
viela iluminada pelo luar dos lampiões. Theodoro observa as prostitutas nas
calçadas, às janelas das casas e às soleiras de pocilgas abastecidas de sexo,
álcool e ópio. Escolhe uma meretriz e faz sinal para Abdias parar. O empregado
estanca os cavalos, apeia, informa-se acerca da escolhida e a aborda. Negociada
as condições, abre a porta do coche para a contratada entrar e põe os animais
em marcha.
A mulher é morena e
grande. A boca é larga e os lábios carnudos estão pintados de vermelho. Idade?
Uma maturidade indecifrável. Usa blusa rosada, saia estampada e argolas
douradas. Traz um galho de arruda atrás da orelha que impregna o ambiente com o
seu aroma.
-- Tira a blusa e chupa,
ordena Theodoro com o sexo exposto.
Desnudados, os seios se
exibem volumosos, com os mamilos amarronzados e os bicos negros. Tatuagens em
cores desbotadas marcam os braços carnudos. A mulher desliza um lábio no outro
fazendo cuspe enquanto se ajoelha por entre as pernas do cliente. Acomodada,
enfia a mão calça adentro e põe os testículos também para fora, por onde começa
o serviço. Chupa-os. Theodoro se arrepia e sua excitação cresce conforme a
língua áspera e quente corre ao longo da coluna do pênis. Excita-o também a
sensação de deslocamento do carro, a penumbra, o cheiro da arruda e ver o seu
sexo resvalar a face da mulher de um lado para outro. Pensa em açoites. A
prostituta lambe o freio, as nervuras, a glande avermelhada e a abocanha. Num
sobe e desce, fricciona a pele do pênis com os beiços, num movimento coordenado
com a mão. Theodoro desliza os quadris e tomba as pernas dobradas, cada uma
para um lado. Aperta os peitos da servidora, como se o ordenhasse. Não provoca
reação nem a interrupção da felação. Pelos cabelos da mulher, imprime nas
fricções o ritmo que quer. Sente o calor nascer dentro do seu sexo e correr
como larva em direção da boca da cratera... – Haaa! Ejacula. A prostituta
engole o sêmen espesso; esboça erguer a cabeça, mas é detida. Theodoro segura o
pênis e o fricciona, com a glande coberta pelos beiços. Gotas finais de esperma
saem. Então libera a mulher, que limpa os lábios com um lenço; veste a blusa,
recebe o pagamento e vai embora. O coche parte em direção ao solar.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
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