sábado, 20 de junho de 2015

Capítulo Noventa e Quatro

ENQUANTO RODA O COCHE


Theodoro confia nos prognósticos de que os deputados rejeitarão a emenda da vacina obrigatória. Porém, receia que derrota da oposição amplie a insatisfação nas ruas. Afinal, milhares aderiram aos abaixo-assinados contra a vacina. As tratativas para a aquisição dos ativos da concessão Willians também o preocupam. Avanços obtidos num dia, em outro, empacam por causa de ações adversárias. Da mesma forma o grupo não consegue obter a autorização para operar na Capital Federal. Para agravar esse cenário, acaba de saber que o prefeito está às voltas com a elaboração de um decreto para impedir o monopólio das concessões nos serviços de eletricidade. 
Anoitece quando encerra a jornada de trabalho e deixa o Palácio. Seu próximo compromisso será um jantar no solar. Irá receber os pais, que retornaram da Europa, quando verão que Catarina está grávida. Confere as horas. Dá tempo, acha e dirige-se ao o coche, com Abdias aposto. Ordena-lhe tocar para o cais. O empregado sabe aonde o patrão quer ir e o que espera de si.
O carro roda por uma viela iluminada pelo luar dos lampiões. Theodoro observa as prostitutas nas calçadas, às janelas das casas e às soleiras de pocilgas abastecidas de sexo, álcool e ópio. Escolhe uma meretriz e faz sinal para Abdias parar. O empregado estanca os cavalos, apeia, informa-se acerca da escolhida e a aborda. Negociada as condições, abre a porta do coche para a contratada entrar e põe os animais em marcha.
A mulher é morena e grande. A boca é larga e os lábios carnudos estão pintados de vermelho. Idade? Uma maturidade indecifrável. Usa blusa rosada, saia estampada e argolas douradas. Traz um galho de arruda atrás da orelha que impregna o ambiente com o seu aroma.
-- Tira a blusa e chupa, ordena Theodoro com o sexo exposto.
Desnudados, os seios se exibem volumosos, com os mamilos amarronzados e os bicos negros. Tatuagens em cores desbotadas marcam os braços carnudos. A mulher desliza um lábio no outro fazendo cuspe enquanto se ajoelha por entre as pernas do cliente. Acomodada, enfia a mão calça adentro e põe os testículos também para fora, por onde começa o serviço. Chupa-os. Theodoro se arrepia e sua excitação cresce conforme a língua áspera e quente corre ao longo da coluna do pênis. Excita-o também a sensação de deslocamento do carro, a penumbra, o cheiro da arruda e ver o seu sexo resvalar a face da mulher de um lado para outro. Pensa em açoites. A prostituta lambe o freio, as nervuras, a glande avermelhada e a abocanha. Num sobe e desce, fricciona a pele do pênis com os beiços, num movimento coordenado com a mão. Theodoro desliza os quadris e tomba as pernas dobradas, cada uma para um lado. Aperta os peitos da servidora, como se o ordenhasse. Não provoca reação nem a interrupção da felação. Pelos cabelos da mulher, imprime nas fricções o ritmo que quer. Sente o calor nascer dentro do seu sexo e correr como larva em direção da boca da cratera... – Haaa! Ejacula. A prostituta engole o sêmen espesso; esboça erguer a cabeça, mas é detida. Theodoro segura o pênis e o fricciona, com a glande coberta pelos beiços. Gotas finais de esperma saem. Então libera a mulher, que limpa os lábios com um lenço; veste a blusa, recebe o pagamento e vai embora. O coche parte em direção ao solar.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário