Capítulo Oitenta e Nove

ENTENDIMENTOS CONSPIRATÓRIOS

Lauro Sodré recebe o grupo organizador do levante em sua residência e iniciativas de desgastar o governo são discutidas. Lima defende a emenda da vacinação facultativa.

-- Vejo como uma medida essencial.

-- Discordo. Se aprovada, perderemos uma arma de insatisfação, diz Fabrício.

-- As chances de aprovação são ínfimas, mas enquanto a Casa discute, atrasamos a votação e atrapalhamos os planos da reforma, explica Varela.

-- Vamos para as ruas coletar abaixo-assinados, sugere Morais.

-- Isso sim, endossa Fabrício. Inclusive, ontem, Ouro Preto sugeriu essa ação e me indicou Pinto de Andrade para organizar ações populares. Conhecem?

-- Todo o Congresso, diz Lima. -- Vive de montar claques e vitórias eleitorais

-- A mocidade militar pode ajudar na coleta das assinaturas, fala Agostinho.

-- As associações operárias também. Posso falar com o Vicente do CCO. Tem um bom relacionamento com todas elas, sugere Varela.

Herculano receia a entrada do movimento na seara popular e indaga Sodré:

-- Quando acha que estaremos prontos para o golpe?

Fabrício antecipa-se à resposta.

-- Acho cedo para falarmos em data. Nossas vendas informam mais o interesse do leitor em notícias de impacto que na oposição do jornal ao governo.

-- O resultado da votação da vacina será nosso balizador. Nesse ínterim, iniciarei as conversas com o alto comando para cuidar da ação militar.

-- Lembrando que nossa proposta é uma ação pacífica, adverte Fabrício.

-- A baioneta, se preciso, instiga Varela.

-- É insuficiente a quantidade de munição à disposição na Praia Vermelha e em Realengo, avisa Herculano. Será necessário contar com a da Fortaleza São João.

-- Tenho como obter esse auxílio adicional, declara Morais.

-- Espero que não haja precipitações nem que o espírito marcial fale mais alto. Não podemos marcar com sangue essa operação, enfatiza Fabrício.

-- Tranquilize-se. Só marcharemos quando eu tiver certeza do êxito de nossa ação.

 

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