O QUE FAZER?
Nova
semana começa. Correntezas esparsas de azul já atravessam o lençol bordado por Páscoa. Um recado
de Grego lhe chega pelas mãos de Azulão: Preciso lhe falar; quando pode ser?
O coração constrito bate descompassado: tristeza e alegria ecoam pedidos
opostos – e a negação do desejo triunfa. O bilhete sem resposta é jogado às
chamas do fogão.
Pasmo
à porta da casa do Leme. Azulão aparece de mãos vazias diante de Grego e também
não lhe diz o que quer ouvir. O menino vai para a marcenaria, onde pega um
violino e se põe a praticar. Inconformado, Grego volta ao trabalho. Com um
formão entalha delicadamente o dorso de um violino. Fios de madeira se
desprendem da peça trabalhada, como os pensamentos, que se enrolam na mente.
Sente-se mal com a sua reação na casa da Glória. A criatura não merecia. Mas
o que eu podia fazer? Melhor deixar tudo como está. Que enrascada me meti!
Sem
a atenção que gostaria de ter, Azulão desafina.
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Opa!
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Acho melhor seguir com a minha flauta, que já sei tocar.
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Deixa disso. Tô atento. Repete o movimento.
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Tá nada. Volto aqui pra semana.
--
Mas antes de ir para lá.
Azulão
sai. Grego ainda tenta trabalhar um pouco mais, mas desiste. Deixa a ferramenta
sobre a mesa, passa a mão nos cabelos: Vida,
o que faço com você?
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e
TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
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