A CAMINHADA
Mais
uma manhã. Nova tarde. O sol se abranda.
Páscoa
e Sofia deixam o sobrado e seguem pelo caminho que bordeja a praia e o comprido
rochedo que adentra o mar. Palmilham esse braço de pedra, onde, lá, bem
adiante, reina, solitária e branca, a igrejinha das portas, que só se abrem aos
domingos.
O
sobrado é parcimonioso nos assuntos de Deus. Quitéria é quem comparece à missa,
comunga, toma a benção em nome de todos e depois, quando pode, confirma suas
preces no culto do seu povo, com Tião. Os dois zelam pelo lado religioso da
família. Há muito Herculano substituiu a religião pela ciência, Páscoa, nem
isso.
Quitéria
bem que tentou trazê-la para a fé. No aniversário de seis anos, entregou-lhe o
véu e o terço da finada mãe, esperando que tomasse gosto pelas orações. A criança não só se recusou a pegar os
pertences como chorou copiosamente. A ama entendeu que aquela não fora uma boa
ideia, pois despertara tristezas irreparáveis. Adiou a nova tentativa de
entregar os santos bens e continuou a rezar no lugar da sua aluna de devoção.
Pensou que teria sucesso quando percebeu, na então garota de sete anos, uma
ouvinte atenta à sua versão, meio católica, meio iorubana, da criação do Universo
onde tudo começava no Pai, sem a Mãe, a partir de muita explosão, determinação
e magia.
Percebera
corretamente. A narrativa pareceu a Páscoa com a sua própria história, deu
sentido à sua orfandade e aguçou sua curiosidade. Porém, findos os feitos de Oludumare,
que também poderia chamar de Deus; terminados os relatos dos amores e ódios,
das vitórias e derrotas dos santos e orixás e iniciada a explanação sobre as
culpas, expiações e o pecado de nascença dos mortais, aí a garota paralisou-se.
Suspeitou que seu pecado original fosse maior do que o normal! Só podia ser
essa a explicação para ter sido privada do aconchego materno desde o
nascimento. A razão do desígnio de uma vida trocada por uma morte. Possuía um
enorme pecado, invencível até pelas águas do batismo. Caso contrário não
sofreria também a falta de carinho do pai, ausente quase todo o tempo. Sob a
onipotência da fantasia infantil, despertou para a singularidade da sua
natureza e se fechou em copas. Nem para a ama confidenciou a dolorosa descoberta.
Também
não quis ir mais à Igreja. Quitéria ralhou e usou sua autoridade. Levada pelo
braço, a garota acompanhou diversas missas de olhos fechados. Se antes se
assustava com a agonia da via sacra, exposta nos quadros da parede, agora se
culpava pelo calvário de Cristo. Se um medo impreciso a tomava quando via a
pintura da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, depois da descoberta, isso virou
um pavor real. Temia expor-se ao poder da serpente pintada naquele quadro, cair
em tentação e fazer com que o anjo de espada de fogo, que também estava lá na
tela, ordenasse seu pai a expulsá-la do sobrado, como Deus o mandara expulsar
Adão e Eva, porque comeram a maça proibida, atentados pela cobra. Tudo fez para
ser uma menina obediente, comportada, e se manter longe daqueles tormentos
enquanto esperava o pai, que chegava e logo partia para outra viagem. Tempos
difíceis.
A
igrejinha aproxima-se. Ali Páscoa foi batizada e fez a primeira comunhão, para
alívio de Quitéria. A ama acreditava que o corpo e o sangue de Cristo operariam
milagres na menina que crescia com uma quietude resistente e insondável.
Explicou-lhe a bênção magnânima de receber a hóstia consagrada: -- será o
alimento de tua alma e te protegerá de todos os males e de todas as tentações
pela vida afora.
A
perspectiva de proteção estimulou Páscoa a enfrentar o seu pavor; retornou para
a igreja por conta própria e, com devoção, tomou a hóstia. Esperou os
maravilhosos efeitos, sem saber o que o destino lhe reservava, com relação a
esse ato sagrado.
A
primeira comunhão havia sido exigida pela madre superiora de um internato para
recebê-la na instituição. O pai aceitou. Queria a filha na escola, para
aprender a ler, escrever e fazer contas, falar francês e inglês e desenvolver
habilidades domésticas e de comando da casa. Adquirir bons modos e ser
bem-vista também eram pontos importantes para ele, assim como relacionar-se com
outras meninas de famílias abastadas, que tivessem irmãos para favorecer um bom
partido no futuro.
A
tristeza e a frustração invadiram Páscoa quando soube dos planos paternos.
Entendeu que a primeira comunhão também não funcionara. Afinal, que pai se
apartaria da filha se ela não estivesse marcada para sempre pelo pecado
original?
Na
véspera da partida para a escola, a menina acordou com uma febre incomum. O
médico que a examinou nada achou que explicasse a doença. Prescreveu descanso,
canja e foi embora.
O
pai estranhou aquele mal súbito e uma lembrança umedeceu seus modos e miolos
áridos. Rondou ao redor da cama, depois pela sala, com as ideias a girar a
suspeita de que a filha estivesse a sofrer a mesma dor que ele sentira quando
foi desgarrado do lar. Na tentativa de acreditar que estava certo, que cumpria
sua missão de pai, repetiu para si mesmo a sua ladainha decantada há muito no
ouvido de Páscoa: se fosse um menino, ah,
se fosse!... Poria a filha na garupa do cavalo e sairia com ela por esse
Brasil afora, para ensinar a arte de comerciar. Ensinaria a ver na falta o
muito que se pode fazer, a ligar quem tem com quem precisa, a jogar na retranca,
com calma, para negociar sem pressa de ganhar, da mesma forma que o tio lhe
ensinara a fazer, em terra e no mar. Mas Páscoa era menina. De natureza
diferente, com outras necessidades e obrigações. Não podia dar a si próprio,
nem a ela, o luxo de tamanha extravagância.
A
filha aproximou-se em meio às reflexões do pai, que, surpreendido, perguntou:
--
Está melhor?
--
Não sei.
--
Venha cá. O que sente?
--
Um aperto aqui – e a mãozinha enrugou a pala da camisola sobre o peito.
--
Logo passará.
Páscoa
olhou-o por baixo dos cílios. Toda a sua dor e dúvida penetraram os olhos do
pai, que a tomou pela cintura – e a garota se viu alçada pelo voo da felicidade
e depois pousar no colo daquela autoridade que admirava e de quem ansiava por
libertar-se dos seus limites de menina. Acomodada no trono esplêndido, escutou
as palavras mais doces de sua vida.
--
Filha minha, escute. Um dia, quando
for moça feita, vamos viajar.
A
promessa do pai abrandou-lhe a angústia e lhe deu força para atravessar com
galhardia a grande e pesada porta do internato. O encontro com outras meninas
também lhe fez bem. Ajudou-a desmistificar a causa do seu mal. Se a maioria
possuía mãe e pai e estava lá, haveria outra razão para o afastamento da casa –
não a do tamanho do pecado original de cada uma ou o fracasso do batismo e da
primeira comunhão.
--
Deveras que há, declararam em coro as colegas mais velhas chamadas para dar seu
parecer. -- Estamos aqui para nos tornarmos mulheres de bem. Isso é para quem
pode! Os argumentos a convenceram.
Mãe
e filha alcançam a igrejinha. No entanto, Páscoa não caminha levada por
motivações religiosas. Suas dificuldades com a fé surgiram novamente quando
tinha treze anos. A causa foi um pronunciamento da madre instrutora de
religião.
--
Cada mulher é uma Eva, traz a marca do fruto proibido. O potencial para a
deserção da divina lei.
--
Como assim? Jesus Cristo não morreu na
cruz para salvar a nós todos, homens e mulheres? O sacrifício dele então foi em
vão?
--
Não blasfeme, repreendeu a madre com fúria no olhar e indignação na voz.
--Aprenda com calma e total submissão, como falou o apóstolo Paulo.
Durante
a recriminação da madre, Páscoa sentiu uma sombra quente nascer em seu corpo e
abrasar-lhe o rosto, enquanto o coração batia forte. Envergonhada consigo, olhos
e pés grudados no chão, constatou, mais uma vez, o perigo que era. Errara sem
querer! A raiva de carregar o maldito legado de Eva e a percepção do sacrifício
inútil do salvador pressionaram o peito, e o pensamento baforou o inabordável.
Como esquecer o perigo que se é? Como conviver com esse perigo?
O
entrevero rendeu horas diante de um espelho à procura da marca do mal: o
próprio potencial para a deserção da divina lei. Rendeu ainda páginas e páginas
escritas: oro e vigio para não cair em
tentação. Rendeu também a decisão de rezar tudo sem pensar. Aprender tudo
sem nada perguntar. Repetir tudo certo e da primeira vez, para ser deixada em
paz na biblioteca, com os parcos livros de história e com o globo colorido, de
base de madeira e régua de prata, que lhe inspirava a rota da viagem que um dia
faria com o pai. Nesses momentos, esquecia o próprio mal. Deleitava-se com
leituras e divagações. Alcançava a plenitude com as viagens de Marco Polo, que
lhe contavam sobre regiões distantes, paisagens exuberantes, costumes
diferentes, aventuras perigosas que podiam ser enfrentadas e vencidas. Lia e
relia explorações e valentias, descobertas e conquistas, que situava no globo
para saber de onde partia e aonde chegava tanta liberdade e coragem. Lá longe,
muito longe do seu mundo, das fronteiras que a cercavam. Regiões que poderia
alcançar se fosse levada pelas mãos do pai. Territórios que poderia penetrar,
apoiada na autoridade e no destemor paterno.
Entre
rotas traçadas, páginas viradas, desejos anelados, luz e sombra, a vida fluía,
enquanto a população do internato se renovava a cada ano, com as entradas e
saídas das alunas. O carinho e as notícias continuavam a chegar com Quitéria e
Tião. Páscoa reconfortava-se com a visita deles, que aplacava a dor da ausência
do pai.
Por
essa época, o poder de outra lógica entrou em ação. Se Deus abandonou seu filho na cruz, por que meu pai não pode me
abandonar? Desencantada, mergulhou na deserção divina. Abandonou Deus e os
seus de vez. Deixou de voltar para o sobrado nas férias. Era sofrido ser
exposta à matriz de suas dores e de seus sonhos; depois era mais custoso
reaprender a se sujeitar aos preceitos e às normas rígidas do internato.
A
igrejinha é deixada para trás, marco no percurso inevitável que Páscoa tem que
ultrapassar rumo aonde quer chegar. Caminha assim decidida, com a filha e com
os olhos em seu objetivo. Poucas vezes caminhou desse jeito. Poucas vezes
também lhe perguntaram o que queria.
Dezoito
anos feitos, continuava no internato, sem nada mais para aprender. Um dia seu
pai a surpreendeu com uma visita inesperada e com uma notícia transmitida, após
uma conversa reservada com a madre superiora.
--
Voltas para casa, filha minha, para se casar.
A
intuição de quem seria o marido raiou com tanta força em Páscoa que dissipou o
medo de que aquela notícia selasse seu destino com alguém que jamais escolheria
para ser seu marido. A confirmação veio em seguida.
--
É um jovem militar. Bacharel. Não um tarimbeiro como esses que tem por aí, que
só estudaram coisas de guerra. Chama-se Herculano Dias. Parece que já o viu
aqui.
Decerto
que Páscoa já havia visto o futuro marido nas visitas de domingo. Estava sempre
lá visitando a irmã, noviça da congregação. Nesses momentos, admirava-o a
distância. Reconhecia-se olhada e se deixava olhar. Por pouco tempo, porque
sempre era afastada pela madre bedel.
--
O que fazes aí? Já para o quarto. Moça direita não fica a espreitar nada nem
ninguém.
Páscoa
guardava a emoção do encontro e esperava o próximo. Enamoraram-se nesse mútuo e
mudo observar.
--
Quer se casar com esse jovem? – Perguntou o pai.
--
Quero.
Páscoa
jamais foi tão feliz como nesses dias. Ia se casar com aquele jovem bonito e
reservado, dono de um olhar e um porte que emanavam força e a atraíam. Não
reconhecia nada igual nos outros jovens que rondavam o internato. Confiou nessa
força – desejou-a para si. Para ir em frente com a sua vida sem precisar retornar
para o sobrado nem permanecer indefinidamente no internato. Para construir o
aconchego não vivido e desfrutar, de um modo diferente, a viagem imaginada com
o pai; iria agora abraçada ao moço, à sua coragem, na garupa do cavalo que via
chegar e partir com ele. Devaneou.
Há
de se ter chão para sonhar, pensou o pai perante
essa felicidade, que adensava seu único receio com a união: a estabilidade
financeira do casal. Não
via com bons olhos o desinteresse do futuro genro pelo comércio, nem os parcos
proventos que ganhava como bacharel militar. Contudo, era um jovem íntegro,
saudável e trabalhador, que chegara até ali por mérito próprio. Melhor
esse marido do que nenhum, concluiu,
pensando na idade que já pesava na filha. Cuidou então de
resolver sua preocupação. Mandou construir o casarão em Botafogo e foi generoso
no dote.
Casamento
realizado, missão cumprida, o pai viajou. A notícia de um rebento a caminho não
demorou a chegar. Desejou por carta que a criança fosse um menino. Ensinarei
ao meu neto tudo que aprendi, para que possa começar a vida léguas à frente de
vantagem. Este será o melhor patrimônio que deixarei, em valor superior a
qualquer outro bem, respondeu,
para a filha e para o genro.
Páscoa
ficou preocupada se seria capaz de atender o pai, de gerar um destino diferente
do seu. Herculano sentiu os brios atingidos pela intromissão do sogro na sua
futura autoridade paterna. Possuía também restrições ao Seu Mourão. Achava-o
presunçoso, acima de qualquer ordem. A desforra ocorreu meses depois quando lhe
escreveu que era avô de uma menina. O
sogro voltou, abençoou a neta, fez negócios e partiu, com votos de novo rebento
e dessa vez um varão. Anos depois, morreu inesperadamente em Manaus, para dor
de uns e pesar de outros.
O
fim do rochedo é alcançado, alvo da caminhada de Páscoa. Quis contemplar o mar
desse local. Desanuviar com a sua imponência o desassossego que lhe chega como
ondas nesta tarde quente de verão. De mãos dadas com a filha, abeira-se do
ponto onde o rochedo escamado mergulha no mar profundo, que se mostra mais
volumoso, poderoso. Lá longe, levanta-se a amplitude arqueada do céu. É azul
sobre azul, em ar úmido e melado. Fascínio. Apreensão.
Uma
onda invade a escarpa e as duas recuam. Sobre os mariscos incrustados nas
ranhuras da pedra, espumas brancas borbulham despedidas agonizantes entre as
que ficam e as que retornam com as águas para o mar.
Sofia
se põe atrás da mãe e a abraça pela cintura. Páscoa envolve os braços da filha
com os seus e fecha os olhos. Quer sentir o medo que tremula em seu
desassossego e anterior à exposição ao mar. Um medo quase imemorial. Sabe que
não possui raiz firme que a suporte do tremor de suas terras. Nem lançou âncora
ao turbulento mar de suas emoções, se é que é possível tal feito. Muito menos
possui um cordão que a ligue ao céu da redenção. Vertigem do existir. Ainda
assim, o pêndulo de gente quer prosseguir. Se há o medo, há também a coragem
revelada nas águas do mar. Impulsionada pela força descoberta, apanhou a concha
deixada por Grego e atravessou a fronteira para viver o desejo. A coragem
crescerá. Acredita.
Como
de olhos fechados, com o corpo exposto à tamanha imensidão, Grego se torna um
prazer bem vivido, uma dádiva que o acaso lhe trouxe e que, também por obra do
acaso, partiu. A despeito dos limites, conseguiu desfrutar do que durou.
Compactuou consigo as regras. Trouxe Sofia e Quitéria para o seu lado. Foi até
onde deu conta de ir. Por que as emoções flagelam e tornam tudo mais difícil?
Prendem-se no que foi perdido e desprezam o que foi conquistado? A coragem é o
grande tesouro que descobriu ao viver seu destino. Tão nova! Merece ser
cuidada, protegida. Inhangá! A vida não pede licença nem autorização. Traz e
leva, empresta e toma de volta, para desespero do desejo. Já se crucificou
pelas suas falhas, culpas, incapacidades. Já se martirizou pela sua impotência
diante da vida. Por que sua natureza ainda a maltrata assim? Que suas emoções
sejam sacrificadas neste rochedo, levadas e dissolvidas pelas águas do mar. No
propósito de si, quer se livrar da dor do que não pode ser. Nutrida pela
memória dos breves dias iluminados, abraçada à concha da sua coragem, seguirá.
Aprenderá a equilibrar-se em meio à vertigem do existir, a se entender com a
sua solidão, a conviver com uma realidade de sonhos esquivos, a viver a vida
possível.
Abre
os olhos. As cores do horizonte já são outras. O coral se sobrepõe ao azul.
Vira o rosto para a vila de Ipanema, onde o sol começa a se pôr. E a beleza da
paisagem opera a magia: coroa entendimentos, releva temores e insufla esperança
e segurança no observador para prosseguir sozinho. Páscoa orgulha-se de si, de
ter se permitido viver o prazer. Reacomoda-se sobre o rochedo com Sofia diante
de si.
--
Veja que lindo, filha, o pôr-do-sol.
Mas
o que Sofia realmente vê é a si mesma, enlaçada no porto dessas águas agora
acolhedoras, de onde mira esse mundão belo e não menos assustador.
--
Não tá com medo de ficar aqui?
--
Estou, mas também sinto coragem como você, quando entrou no mar.
Sofia
se desmancha em amor-próprio, vira-se e abraça fortemente a mãe.
Bela
como um farol sobre o oceano, Páscoa se deixa ficar ali, bem próxima dos
estrondos brancos do mar, com os pés plantados sobre o rochedo, o ventre
aquecido pela filha e os olhos no horizonte, onde Vênus certamente brilhará.
Cá
no sobrado, Herculano chega mais cedo, tenso com os assuntos da oposição ao
governo. Ninguém o recebe. Ninguém está na casa. No quintal, enxerga os
agregados nos fundos da plantação, mas não vê a filha e a mulher com eles.
Cruza de volta o sobrado e sai. Na praia, altivo e teso, mira o costão negro de
Inhangá. Onde estão? Vira-se para a
curva da praia e as avista lá na ponta do rochedo. O que fazem? Por que Quitéria não está com elas? Que desatenção de
Tião. Voltamos amanhã para Botafogo.
Copyright © 2013
by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
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