sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Capítulo Trinta e Nove

O TEMPO É AMIGO E A ESPERA, SÁBIA.


Decepcionado, Grego deixa o Jardim Botânico. Tenta explicar a ausência de Páscoa. Não encontrou o bilhete? O marido a proibiu de sair? Sentiu um mal-estar? Ou foi a leitura do romance? Sem se dar por vencido, na manhã seguinte, manda Azulão até Botafogo. Em um novo recado, pede que ela se encontre com ele à tarde, no cais Pharoux. Mas em seus últimos minutos na cidade, só Azulão chega com a resposta, que explica em uma caligrafia firme a ausência: Caríssimo Senhor Andreadis: nem tudo é sempre possível. Porém, o tempo é amigo e a espera sábia. Boa viagem. Feliz temporada. Até a volta. Páscoa.
-- Foi ela quem entregou o bilhete?
-- Foi sim.
-- Estava bem?
-- Acho que sim.
-- O Capitão estava em casa?
-- Não. Nem o seu Tião.
Incomodado, Grego olha a esmo. Apalpa o bolso do paletó, onde está o recibo dos retratos tirados na cidade. Fora buscar as fotografias, porém, um contratempo impedira a revelação. Combinou com o fotógrafo que Azulão apanharia a encomenda na semana seguinte. Mas diante da ausência de Páscoa, decide que cuidará da entrega pessoalmente quando voltar. Despede-se do garoto. No convés, lê uma vez mais o bilhete. Depois contempla a cidade que se distancia à medida que o navio singra o mar: Vida! Por que adiar o que se pode ter hoje?

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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