terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Capítulo Cinquenta e Um

SER O PRÓPRIO MUNDO


Conforme os dias de setembro se sucedem, mais Herculano se ausenta do casarão e Páscoa vivencia o sublime. Difícil precisar de quem está mais apaixonada: se de si mesma, de Grego ou dos momentos vividos na casa localizada no alto de uma ladeira da Glória. No primeiro andar, ambientes de estar se sucedem ao longo da sala comprida de portas duplas e largas que dão para um jardim. Trepadeiras cobrem a cerca que divide o fim da relva e o começo da descida do morro, com vista para a cidade e para o mar.
No andar de cima, o quarto ocupado pelos amantes possui espelhos que revestem as portas do armário encostado de uma ponta a outra da parede. A cama alta parece atravessar a larga janela e se unir ao horizonte e ao mar. O contrário também acontece. A profusão de espelhos e reflexos permite o azul sobre azul lá de fora alcançar o leito e se misturar à brancura dos travesseiros e lençóis. Assim, independente da perspectiva, o que se depreende do espaço é que foi pensado para o prazer. Exatamente o que Páscoa reitera para si à janela, com um ombro desnudado pelo lençol com que se cobre. Volta para a cama, para os braços de Grego.
Gaivotas riscam o azulado da tarde. Um navio cruza a linha do horizonte.
-- Sempre quis viajar.
-- Para onde?
-- Países distantes.
Grego retira o lençol e se debruça sobre Páscoa.
-- Levarei você pelo mundo afora. Serei o próprio mundo para você.
Depois beija os seios, o ventre, o sexo dela e a faz gozar.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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