sábado, 24 de janeiro de 2015

Capítulo Quarenta e Um

DA PARTIDA


Amigo querido, estas são apenas ligeiríssimas linhas para me despedir de você. Mais um pouco parto para Divisa – e sozinha! Estou excitada com a possibilidade de adentrar as primeiras horas da noite no ritmo vertiginoso do trem. Theo já telegrafou para a estação pedindo transporte para me levar de lá até a fazenda. Já imaginou? Será maravilhoso. O trajeto no escuro, depois a chegada, cães latindo, lampiões sendo acessos, portas se abrindo, papai me recebendo com aquele sorriso romântico, mamãe caminhando ao meu encontro com aquele seu ar curioso: “Oh, minha menina, onde está seu marido, o que faz aqui?”.  Espero que uma lasquinha de lua brilhe no céu para me acompanhar ao longo de tão saudoso trajeto. Lua nova. Quantas promessas! Esperanças brotam em meu corpo, ensolaradas pela compreensão continental de Theo. Sim, contei sobre o banho de mar. E uma vez mais imperou seu estilo cerebral, sem matizes convencionais. Analisou meu ímpeto de ser com a amplitude da sua visão. Envolveu-me com a sua cumplicidade de sempre. Sou completamente agradecida à vida pelo gozo desse imenso privilégio. Fico triste de não poder me despedir de Valentin. A casa de hóspedes está fechada, não sei se dorme ou se está fora. Pedi a Theo para ajudá-lo a ir de vez para a Amazônia. Tão solitário, sinto que receia apartar-se do nosso carinho. Mas tem compromissos a cumprir e nem as chuvas podem aguardar para ele navegar pelos rios. Desejo que parta, levando a certeza de quão querido e precioso sempre me será – e para Theo também.  Agora devo ir ao encontro do novo tempo do meu destino. Á luz da minha estrela-guia, sigo palpitando esperanças da completa realização do meu ser. Até a volta. Eu.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário