DURANTE O CAFÉ DA MANHÃ
Theodoro e Catarina procuram
transparecer naturalidade com a presença de Valentin à mesa do desjejum.
Conversam temas banais: o pé d’água que caiu pela manhã, a nova receita da broa
servida, a escolha do champanhe para o sarau...
O hóspede introduz um novo tema e
para o anfitrião.
-- Sabe me dizer se os telégrafos
de Belém funcionam bem?
-- Por quê?
-- Estou sem respostas do Dr.
Goeldi.
-- Emílio não ia para um seminário
na Europa?
-- Sim. Deve ter embarcado ontem,
mas mandei a tempo meus telegramas.
Com a cara mais deslavada, Catarina
aventa uma explicação.
-- Quem sabe antecipou a ida e um
funcionário desatento os guardou.
-- Talvez, mas não tenho mais razão
para esperar. Penso em ir para Belém e me apresentar com a carta em que ele me
ofereceu os préstimos do Museu.
Catarina se inquieta e Theodoro
confere a intenção.
-- Quando quer partir?
-- Tão logo entregue o material
prometido.
-- Por que não se integra à
expedição do Acre?
-- Pelo que me informei não há data
marcada ainda.
-- Vamos conversar com Rio Branco.
Virá ao sarau. E, se há alguém que pode falar de datas, esse alguém é ele, o
cérebro da expedição.
-- Corro contra o tempo. Se não for
agora, perco a cheia dos rios e fico sem condições de navegar depois.
Catarina também tenta dissuadi-lo
da decisão.
-- O sarau não será o mesmo sem
você. Viaje depois.
-- Nesse ínterim, tentarei
localizar o Major Rondon. É o chefe da expansão dos ramais telegráficos nos
sertões da Amazônia e pode ajudá-lo na selva. O que acha?
-- Todo contato é sempre bom. Não
preciso fazer parte de expedição alguma, mas, sim, saber quem procurar na
Amazônia, se precisar de apoio por lá.
-- Mas ir sozinho para a selva...
Não, Valentin. É muito perigoso.
-- Catarina está certa. Irei falar
com o Ministro da Guerra. Ele sabe onde o major está e bota você na floresta,
com o apoio de que precisar. Virá ao sarau.
-- Pelo visto não deixou ninguém de
fora.
-- Eu não e sim a minha rainha.
-- Só juntei as abelhinhas para que
tenham o mel.
Valentin observa o sorriso que eles
se dão e não entende porque Catarina o enreda com sua sedução. Tudo por Theo? Ou quer ser adorada por
todos?
Theodoro se levanta e põe a mão no
ombro dele.
-- Nossa conversa abriu meus olhos
para a urgência do plano habitacional. Conto com você para me ajudar nessa
questão. O que me diz?
-- Terá a minha contribuição até o
sarau.
Catarina sorri satisfeita em ter a
companhia de Valentin por um tempo maior.
Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e
TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário