sábado, 17 de janeiro de 2015

Capítulo Vinte e Dois

DURANTE O CAFÉ DA MANHÃ


Theodoro e Catarina procuram transparecer naturalidade com a presença de Valentin à mesa do desjejum. Conversam temas banais: o pé d’água que caiu pela manhã, a nova receita da broa servida, a escolha do champanhe para o sarau...
O hóspede introduz um novo tema e para o anfitrião.
-- Sabe me dizer se os telégrafos de Belém funcionam bem?
-- Por quê?
-- Estou sem respostas do Dr. Goeldi.
-- Emílio não ia para um seminário na Europa?
-- Sim. Deve ter embarcado ontem, mas mandei a tempo meus telegramas.
Com a cara mais deslavada, Catarina aventa uma explicação.
-- Quem sabe antecipou a ida e um funcionário desatento os guardou.
-- Talvez, mas não tenho mais razão para esperar. Penso em ir para Belém e me apresentar com a carta em que ele me ofereceu os préstimos do Museu.
Catarina se inquieta e Theodoro confere a intenção.
-- Quando quer partir?
-- Tão logo entregue o material prometido.
-- Por que não se integra à expedição do Acre?
-- Pelo que me informei não há data marcada ainda.
-- Vamos conversar com Rio Branco. Virá ao sarau. E, se há alguém que pode falar de datas, esse alguém é ele, o cérebro da expedição.
-- Corro contra o tempo. Se não for agora, perco a cheia dos rios e fico sem condições de navegar depois.
Catarina também tenta dissuadi-lo da decisão.
-- O sarau não será o mesmo sem você. Viaje depois.
-- Nesse ínterim, tentarei localizar o Major Rondon. É o chefe da expansão dos ramais telegráficos nos sertões da Amazônia e pode ajudá-lo na selva. O que acha?
-- Todo contato é sempre bom. Não preciso fazer parte de expedição alguma, mas, sim, saber quem procurar na Amazônia, se precisar de apoio por lá.
-- Mas ir sozinho para a selva... Não, Valentin. É muito perigoso. 
-- Catarina está certa. Irei falar com o Ministro da Guerra. Ele sabe onde o major está e bota você na floresta, com o apoio de que precisar. Virá ao sarau.
-- Pelo visto não deixou ninguém de fora.
-- Eu não e sim a minha rainha.
-- Só juntei as abelhinhas para que tenham o mel.
Valentin observa o sorriso que eles se dão e não entende porque Catarina o enreda com sua sedução. Tudo por Theo? Ou quer ser adorada por todos?
Theodoro se levanta e põe a mão no ombro dele.
-- Nossa conversa abriu meus olhos para a urgência do plano habitacional. Conto com você para me ajudar nessa questão. O que me diz?
-- Terá a minha contribuição até o sarau.
Catarina sorri satisfeita em ter a companhia de Valentin por um tempo maior.

Copyright © 2013 by Maria Tereza O. S. Campos
Copyright de adaptação para Cinema e TV © 2005 by Maria Tereza O. S. Campos

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